15 outubro 2012

[ theGazettE ] Confuse

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Nota: Primeira fic yaoi. Foi escrita mais como um desafio meu para mim mesma, já que eu nunca escrevi nenhum yaoi na vida... Até porque não sou muito fã do gênero, mas achei que às vezes devia tentar escrever algo diferente.

...

Era a primeira vez que eu ficava tão maravilhado com o cair das pétalas de Sakuras. Talvez... talvez porque eu não estava sozinho, eu estava com você.

Eu nem sei bem o porquê de estar tão feliz em estar com você; só sei que esses dias sua presença me fazia bem, e eu me pegava sempre analisando os seus movimentos, cada passo, cada expressão. Isso tudo estava me atraindo. Eu queria ficar perto, compartilhar dos mesmos momentos, ver as mesmas coisas, mas, por incrível que pareça, pra mim, só aquilo não bastava. Eu queria encurtar a distância ainda mais.

Quando nós ensaiávamos e você ficava o tempo todo conversando com o Takanori eu ficava indescritivelmente irritadiço e impaciente. E por causa disso ainda levei tantas broncas de todos por não estar tocando direito. Mas o que eu podia fazer? Eu estava... com ciúmes? “Não, não. Não pode ser. Eu? Com ciúmes?” Era o que eu dizia a mim mesmo.

Com o tempo, nós começamos a ficar mais distantes, eu reparei. Reparei também que você começou a ficar enrubescido sempre que eu chegava muito perto, e isso me fez ficar angustiado, com medo de que tivesse feito algo de errado.

E até hoje me lembro de um dia, antes de um show que iríamos fazer, que você me evitou ao máximo, sempre usando como pretexto que você estava nervoso para o show. Ah, claro. Isso só me fez ficar mais angustiado.

No final do show, fiquei esperando que você falasse comigo de novo, mas, pelo contrário. Você continuou fugindo. Mas, pra mim já bastava, eu ia acabar logo com aquilo. Fui direto até o camarim e te puxei pelo braço até um lugar mais calmo, para que pudéssemos conversar.

- Yuu? – você me chamou, preocupado – O que foi?

- Eu queria te perguntar uma coisa, Kouyou – fitei-o, inquieto – Por que... Por que você está me evitando? Te fiz algo errado? – você me olhou surpreso, passando rapidamente para uma expressão constrangida, com o rosto totalmente vermelho.

- O que? Não estou te evitando. Eu só estava nervoso com o show – explicou, tropeçando nas palavras. Eu, nem acreditei, mas preferi não insistir, talvez fosse pior.

E, com a cara mais decepcionada que eu já consegui fazer na vida, murmurei um “Okey” e saí a passos rápidos.

Quando nós voltamos para o hotel que estávamos hospedados, você estava parecendo triste, mas eu não quis ir até você; eu não queria ficar mais decepcionado.

Só que, você acabou vindo até mim. Quando todos estavam na sala, e só eu havia decidido ir para o meu quarto, você veio sorrateiramente até meu quarto e, sem nem anunciar que iria entrar, passou pela porta e depois de fechá-la, encostou-se nela e passou a fitar-me, com a mesma expressão triste de quando chegamos no hotel. Eu, que antes estava deitado na minha cama, folheando algumas partituras antigas, me sentei.

- Yuu – começou – Eu espero que você não tenha me entendido mal. Eu só estava com algumas coisas na cabeça, e queria ficar um pouco sozinho.

- Você não pode me contar o que é?

- Em breve você saberá – ele sorriu, fazendo com que meu coração falhasse uma batida e, imediatamente, desviei meu rosto do dele. Era incrível como o sorriso dele era persuasivo. Eu nem sequer o questionei novemente.

Agora, andando ao seu lado pelo parque, passeando por esse mar cor-de-rosa que as pétalas de Sakura que caíram no chão deixaram, eu me sentia incrivelmente bem. Você estava tão feliz, tão sorridente, que eu não pude deixar de sorrir também, de ficar alegre também.

Nos sentamos em um banquinho de madeira, afastado da multidão de pessoas que passeavam por ali. Ambos, perdidos em pensamentos. Ficamos assim por alguns minutos. Um ao lado do outro, no mais completo e aprazível silêncio.

Até que a voz de Kouyou quebra o silêncio:

- Sabe, Yuu... Eu gosto muito de Sakuras – começou, sem me olhar – Elas nos passam uma sensação de tranqüilidade – sorriu, ainda sem me olhar - Eu gostaria de ficar aqui pra sempre, olhando o cair das pétalas – eu permaneci em silêncio, esperando que continuasse – Assim como eu gostaria de ficar ao seu lado pra sempre – murmurou.

Assim que eu escutei a última frase, achei estar enlouquecendo, então virei de súbito para você, e você sorriu pra mim, com as faces coradas. Eu sorri de volta, sorri bobamente, sentindo meu rosto ficar quente.

- Eu também gostaria – comentei em voz baixa, mas alta o suficiente para que ele escutasse e corasse ainda mais, o que me fez desviar meu rosto do dele.

Ambos ficamos calados por um tempo, somente apreciando a companhia um do outro, e vendo as pétalas de Sakuras caírem por todo o parque, estas, sendo as únicas a presenciarem o beijo tímido que veio em seguida.
 
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